Entrevista com Yara Haag e Jonas Soares do Blades of Steel

Lâminas de Aço

Juntando-se a nós estão a vocalista Yara Haag e o guitarrista Jonas Soares, da banda brasileira de heavy metal Blades of Steel, de São Paulo, que nos levará através do Atlântico, narrando a jornada
da banda desde sua criação até os dias atuais, suas ambições, os primeiros samples de seus trabalhos, o álbum de estreia que está em andamento, nos unindo à cena underground brasileira e, finalmente, nos dando uma imagem mais ampla das condições na América Latina e especialmente no Sul América!

Felicidades e bem-vindo à Metalourgio. Obrigado pelo seu tempo! 

Yara Haag

Primeiramente gostaria de agradecer pelo convite. Estou honrado e muito feliz em compartilhar minha jornada com Blades of Steel.

Pegando as coisas desde o início... Quando a banda se formou e quem ou quem teve a ideia original para sua formação?

Para responder à sua pergunta, preciso voltar muitos anos. Sempre quis ter uma banda, sempre adorei cantar e sempre fui apaixonado por rock e metal. Porém, tive dificuldade em formar bandas porque não era algo levado a sério na minha área. Estranhamente, toda a ideia de Blades of Steel, desde a capa até as letras, amadureceu ao longo dos anos. Era meu desejo criar algo realmente parecido com o que fizemos, e estou animado para compartilhar nosso primeiro álbum completo com vocês. Na verdade a banda foi formada em 2022. Convidei pessoas de minha confiança e que são excelentes músicos para fazer esse projeto dar certo.

Como você conseguiu a inspiração para o nome da banda? Existe uma história escondida por trás disso?

Escolher um nome para uma banda é uma tarefa muito difícil, é algo que você precisa ter muita confiança. O nome realmente precisa transmitir a mensagem que você deseja transmitir. A banda tinha um nome diferente antes, mas acho que não transmitia o verdadeiro poder que queríamos expressar em nossas músicas. Eu estava na casa do nosso guitarrista, Rafael Romanelli, montando nosso disco, e enquanto conversava com ele falei: “Queremos um nome melhor”. Então pegamos vários álbuns de nossas bandas favoritas e um deles era do Satan. Olhamos os títulos das músicas e naquele momento decidimos que deveria ser Blades of Steel.

Que motivações e influências você teve para seguir o caminho do heavy metal?

Minha principal motivação foi o quanto sempre amei esse gênero, que expressa algo de bom, positivo e verdadeiro sobre mim. Eu queria fazer algo que pudesse trazer esse sentimento semelhante para outras pessoas. A primeira banda que ouvi foi Judas Priest. Eu diria que foi uma via de mão única – eu amo a banda! A partir daí a porta se abriu para muitos outros. Ouço rock desde criança e isso só aumentou minha paixão.

Como você definiria seu som? E ainda por cima como você caracterizaria a base do seu som que o diferencia de outras bandas?

Defino nosso som como metal tradicional. Temos várias influências que vão desde Judas Priest e Accept até Manowar. É difícil definir exatamente porque gostamos de muitas bandas. Muitas bandas locais também nos inspiram, como o Viper, com certeza. Existem muitas influências que realmente se refletem em nosso som.

Vocês lançaram atualmente três singles, Blades of Steel em julho, Ruler of the Waves em setembro e Vengeance Is Mine em novembro, como parte do lançamento oficial do seu álbum de estreia! Você poderia nos contar a inspiração por trás dessas faixas e nos dar uma primeira visão do seu LP de estreia?

Rafael Romanelli

Blades of Steel: Eu queria algo forte que transmitisse a essência da banda como ela é. Todos os dias, milhões de pessoas em todo o mundo enfrentam diversas batalhas em suas vidas diárias. Apesar da temática medieval, a música fala a todos. É preciso coragem para viver. Muitos caminhos podem não ter volta mas é preciso lutar e seguir em frente.

Ruler of the Waves conta a história de uma pirata que se disfarçou de homem para lutar em igualdade de condições. Nossa música é sobre isso, lutar em igualdade de condições, ter força não importa o que aconteça, e também é uma homenagem à iniciativa dela.

A vingança é minha: A letra reflete a determinação e sede de justiça dos protagonistas após verem a destruição de sua terra natal. Esta narrativa homenageia suas lutas e sacrifícios épicos em nome da liberdade e da honra. Procuramos um som mais sombrio em nossa formação para abraçar perfeitamente o poder e a escuridão das letras.

A gravação do seu álbum foi realizada pelo Studio Casa Negra. O produtor foi Rafael Lopes, que produziu o segundo álbum do Crypta (Shades of Sorrow). Você poderia compartilhar conosco esta experiência e sentimentos sobre esta colaboração em particular?

Foi uma grande honra trabalhar com Rafael Augusto Lopes. Ele é extremamente meticuloso com os sons, com cada nota, com cada forma de tocar. Ele observou tudo com atenção. Rafael é um grande produtor e com certeza trabalharia com ele novamente. A experiência foi incrível e aprendemos muito com ele.

Quanto tempo demorou a gravação e quais dificuldades você enfrentou, se houver?

Jonas Soares

O processo foi um pouco lento devido à logística. Cada membro mora em uma área diferente, o que nos fez demorar um pouco mais do que o esperado. Eu também estava nos últimos anos da escola veterinária e como bolsista tive que fazer tudo o que pudesse para não faltar às aulas ou negligenciar meus deveres na banda.

Quais são as suas ambições como banda para o futuro imediato e distante?

Gostaríamos de fazer uma turnê por todo o Brasil. Nosso país é vasto e organizar um tour aqui é realmente um desafio. Também almejamos uma gravadora internacional e esperamos fazer uma turnê fora do Brasil em um futuro próximo. Estamos trabalhando muito nisso, de forma honesta e meticulosa.

Que dificuldades práticas uma banda brasileira recém-formada geralmente enfrenta?

São muitas dificuldades, quando você está começando, muitas pessoas não acreditam em você e no seu trabalho. É difícil até mesmo agendar shows por causa desse fator. Sem falar que somos uma banda de metal, o que é um teste por si só, eu diria (risos).

Como é ser mulher, e na verdade vocalista, na cena Metal e que condições e situações você enfrenta em uma cena quase totalmente dominada por homens?

Muitos acreditam hoje que é mais fácil para as mulheres, que agora temos mais espaço. Mas posso te dizer que não é verdade, na verdade poucos conseguem. Sempre tem aquela história de quando a gente alcança algo grandioso, dizem “ela fez isso porque é mulher” sem reconhecer o nosso verdadeiro valor e sem lutar para alcançá-lo. Já ouvi isso muitas vezes na minha vida, não apenas no metal. Espero que juntos possamos mudar isso. Não queremos ocupar o lugar de ninguém, mas sim ter oportunidades e espaços semelhantes.

Você faz parte do underground brasileiro, qual você acha que é o estado atual da cena no seu país?

O cenário brasileiro tem muitas peculiaridades. Estamos recebendo apoio de diversas pessoas e é lindo de ver. Às vezes abro as mensagens e me emociono. São pessoas como nós da banda, verdadeiros fãs de metal, pessoas que realmente amam tudo isso. Estou muito grato e feliz com esse apoio. Acho que muita coisa ainda precisa melhorar, pois nada é perfeito. Mas no geral estamos honrados em representar o heavy metal brasileiro.

Num contexto mais amplo, se você souber, a partir das cenas dos seus países vizinhos, que opinião você teria sobre o metal na América do Sul em geral?

Bill Martins

Nunca tive a oportunidade de viajar para fora do meu país, mas deixe-me contar o que vejo nos perfis dos meus amigos e dos nossos irmãos latinos. É incrivelmente poderoso, nós, latinos, somos apaixonados por metal. Falo muito sério, tenho muito orgulho dos nossos latinos. Apenas pelas mensagens e apoio que recebemos de nossos irmãos, mal posso esperar para ir para o exterior e tocar por toda a América.

O que você acha do heavy metal em 2024 na América Latina e também na Europa?

Meu argumento é forte: você tem muitas oportunidades para grandes festivais. Acredito também que vocês são unidos e apaixonados como nós.

Com quais bandas você gostaria de dividir o palco em uma turnê, bem como em quais festivais você gostaria de tocar?

Sinceramente; Em tudo! Hahaha. Claro que seria incrível tocar com as bandas das quais somos fãs, mas nós simplesmente amamos tocar. Onde quer que sejamos convidados, estaremos lá!

Quais países da Europa você gostaria de visitar se tivesse a oportunidade?

Queremos ir a todos os lugares do planeta Terra, sem discriminação! Hahaha. Se um dia tivermos oportunidade não recusaremos nenhum convite. Adoramos viajar e brincar e queremos experimentar tudo o que pudermos.

Mais uma pergunta antes de encerrar! Qual a sua opinião sobre a Grécia e quais bandas você já ouviu falar do nosso país?

Olá Jonas (*o outro guitarrista da banda) aqui... Como Yara disse, é uma grande honra para nós conversar (escrever) com vocês. Acho a Grécia um país incrível e estamos muito entusiasmados com a perspectiva de um dia visitá-lo e conhecê-lo melhor. No que diz respeito às bandas gregas, gostamos de algumas como Varathron, Firewind, Suicidal Angels, enquanto recentemente também ouvimos Triupher.

Terminando esta discussão, que mensagem você gostaria de deixar aos leitores gregos e estrangeiros do nosso webzine?

Obrigado por ler até aqui. Espero que um dia nos encontremos na vida. Se você puder dar a chance de ouvir nossa música, eu ficaria extremamente grato!

A entrevista foi conduzida por Michalis Antonopoulos

Lâminas de Aço

 

 

 

 

 

VEJA TAMBÉM

Anaal Nathrakh

Entrevista com Dave Hunt de Anaal Nathrakh

Por ocasião das suas próximas apresentações na Grécia, temos o prazer e a honra de...

Deixa um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos obrigatórios são marcados com *