Helevorn – Espectros

Helevorn - Espectros

Helevorn – Espectros

Cinco anos depois do álbum “Aamamata”, a banda espanhola de doom metal Helevorn lançou o quinto álbum de sua carreira. A banda volta por constantes becos emocionais para se apresentar sua inspiração musical nos livros “Hauntology” de Jacques Derrida e “Ghosts Of My Life” de Mark Fisher.

Fisher procura vestígios de futuros perdidos, pois, como afirma, são eles que nos assombram através do realismo capitalista.

Primeiro ouça do álbum a melódica mas levemente melancólica "Inherit The Stars". É como se ele tivesse entrado em um vórtice que não permite a penetração de nenhuma estrela, nenhuma luz para acalmar seu olhar.

A voz de Josep Brunet é firme, ligeiramente estranha. Cria imagens irregulares na cena definida pelo som. Em "The Defiant God" a melodia, bem como a projeção virtual grosseira, definem uma cena sobrenatural. “Sinais” vem mais terreno. Mais estável apesar de sua paleta melancólica deixa pepitas de uma conexão emocional mais intensa. Por um lado os vocais terrosos e por outro lado o ar com os rosnados dão um sentimento multidimensional a todas as músicas. Os riffs profundos soam como um apelo, como uma mão pedindo ajuda.

Chegamos à melódica “When Nothing Shudders”. O estilo aqui é mais severo, talvez mais direto. Sua base é melodicamente contemplativa, mas as pepitas de dureza que possui abrem o olhar para um resultado dinâmico.

Como você pode “quebrar” o silêncio? Você quer ou fica no fundo dos seus pensamentos? “Unbreakable Silence” por alguma razão única que a mente não consegue compreender imediatamente, você se apega a essa música. Você segue a linha tênue definida musicalmente com os vocais rosnados brilhando nas linhas melódicas. Eu nunca tinha assistido doom metal, mas é mágico ouvi-lo toda vez. Os andamentos baixos, as composições mais pesadas e também o tema podem fasciná-lo. A seguir vem “L'Endemà” em catalão e com participação vocal de Inez Gonzalez. Uma solidão etérea, mas também uma dinâmica incomparável irrompe em cada nota. É como se o saco finalmente se abrisse e outra faceta da realidade tivesse saído de dentro.

O sétimo é "The Lost Futures" em uma linha pesada e melancólica com explosões de guitarra e bateria sólida. Os vocais evocam uma fúria sobrenatural enquanto fluem como uma torrente, enquanto “Children Of The Sunrise”, com sua doce execução de piano, vem como uma calmaria de uma tempestade que a precedeu. A voz sacode seu mundo interior enquanto se confunde com as voltas da música. Talvez a música mais emocionante do álbum. As letras sóbrias e contidas revelam uma profunda compreensão da entidade humana. Eles esculpem emoções que surgem diante de nós sem limites.

Um trabalho que merece toda a sua atenção.

Maria Zarakovitis

8/10

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